O design de uma escola: tirando a ciência da sala de aula Inspire article
Traduzido por Guadalupe Jácome. Como pode a arquitetura de uma escola influenciar o modo como ensina? Allan Andersen, Diretor do Ørestad Gymnasium de Copenhaga, conta a Adam Gristwood e Eleanor Hayes.
Dê um passeio pelo Ørestad Gymnasiumw1 (escola secundária), em Copenhaga, Dinamarca, e verá que é tão pouco usual que é de tirar o fôlego. À medida que sobe a escada de Madeira, em espiral, que liga diferentes zonas da escola verá alunos recostados em pufos cor de laranja discutindo trabalhos em “zonas de aprendizagem” especializadas.
Pode deparar-se com uma equipa de filmagens em que os alunos estão a trabalhar no seu último projeto de multimédia ou com uma aula de ciências a dissecar rãs num espaço de trabalho aberto. Há poucas salas de aula tradicionais e seguramente não existe um gabinete do diretor.
“O design do edifício encoraja os professores a organizar aulas que envolvam mais os alunos” explica Allan Anderson, diretor da escola. “A ideia é que os professores falem bastante menos e espera-se que os estudantes trabalhem bastante mais e se envolvam mais, que haja mais comunicação e maior partilha de conhecimentos.”
Nos quatro anos que decorreram desde que foi construída, a escola (cujos alunos têm idades entre os 16 e os 19 anos) tornou-se a mais popular da Dinamarca. O conceito abarca um tema que percorre todas as aulas, dos media, comunicação e cultura (o perfil da escola) às línguas, matemática e ciências – o design físico da escola tem importância e é uma fórmula que funciona.
Talvez os alunos não aprendam mais em termos de conteúdos tradicionais mas aprendem a cooperar, a expressar-se e a trabalhar com tecnologia,” diz Allan. “Por exemplo, devido à tónica em multimédia e comunicação, os professores tentam ensinar ciências de um modo diferente. Usam muitos vídeos e laboratórios virtuais. Em vez dos tradicionais relatórios os alunos podem criar um podcast ou desenvolver uma campanha publicitária trabalhando com organizações locais ou com a indústria. Muitos alunos que têm dificuldade em escrever sobre ciência acham muito mais fácil falar sobre isso. A escola só está a funcionar há quatro anos portanto, embora não possa provar, creio que os nossos alunos partem com competências que não adquiririam da mesma forma noutras escolas.
O ensino tira partido de espaços de trabalho inovadores que podem ser adaptados de acordo com as necessidades da aula o que pode ter vantagens especiais para as aulas de ciências. “Pelo facto de termos uma escola construída para permitir que os alunos trabalhem autonomamente podemos afastar-nos de um ensino das ciências em que os professores usam as mesmas experiências demonstrativas que usaram nos últimos 30 anos e, em vez disso, tornam a ciência mais estimulante e mais ‘mãos na massa’” diz Allan.
Igualmente importantes são as interações entre professores e alunos nos amplos espaços centrais em vez de em corredores exíguos, e, através desta ênfase na interdisciplinaridade e na personalização, a escola recebeu um coração onde as interações sociais se tornaram uma peça chave da educação.
A ideia é que os professores e os alunos deverão interagir tendencialmente menos como hierarquia e mais como colegas.” Explica Allan. “Quando sabem que há professores por perto que podem ajudá-los no seu trabalho, os alunos podem desenvolver a responsabilidade pela sua própria aprendizagem.”
Há projetos para construir mais espaços privados para que os professores possam ‘recarregar baterias’, mas o objetivo principal de uma nova visão dos conteúdos, programas das disciplinas, permanece. “A escola tornou-se de certa forma um ícone”, explica Allan. “Durante um dia de aulas normal, passear pela escola e ver tudo o que está a acontecer é uma experiência interessante. Numa escola normal tudo acontece para lá de portas fechadas mas aqui pode ver-se tudo.”
Em abril de 2011 o Ørestad Gymnasium recebeu o festival internacional de ensino das ciências Science on Stage, a rede para os professores de ciências europeus (Hayes, 2011). A arquitetura espetacular da escola providenciou um cenário perfeito à viva troca de ideias entre 350 dos melhores professores da Europa.
O próximo festival internacional Science on Stage terá lugar em Slubice-Frankfurt (Oder) na fronteira polaco-alemã, com professores de 27 países partilhando as suas ideias mais inovadoras em workshops, representações em palco e na feira de ciência. Cada país será representado por uma delegação de professores selecionados num evento nacional.
Para os delegados a participação é gratuita. Para ser considerado como possível participante na sua delegação nacional, contacte já o organizador do seu país, uma vez que os eventos de seleção estão já a começar em alguns países. Haverá também um número limitado de vagas para não delegados que terão de pagar inscrição. Ver o websitew2 de Science on Stage Europa para saber mais.
References
- Hayes E (2011) Science teachers take to the stage. Science in School 19: 6-9. www.scienceinschool.org/2011/issue19/sons
Web References
- w1 – Para ler mais sobre o Ørestad Gymnasium, ver: www.oerestadgym.dk/welcome
- w2 – Para saber mais sobre Science on Stage Europe, ver: www.scienceonstage.eu
Resources
- Para dar uma espreitadela ao Ørestad Gymnasium, ver o filme sobre um dia na vida da escola: www.youtube.com/watch?v=je2Fc4uS9bo